sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa

(Autoria: Renato Gomes - Botucatu)

A festa de Páscoa dos cristãos tem sua origem numa festa bem mais antiga que é a festa judaica Pessah.
O Antigo Testamento nos conta que o povo hebreu vivia na escravidão, subjulgado pelos egípcios. Moisés recebe a missão de libertar seu povo. Com ajuda divina, ele ameaça o faraó com dez pragas, que devem assolar o país caso o governante não lhes dê a liberdade. O faraó resiste até a última praga, a praga dos primogênitos. Neste dia o anjo da morte passa por todo o Egito e leva o primogênito de cada casa. O pove hebreu está excluído deste castigo, pois, como Moisés lhes havia dito, cada família deve sacrificar previamente um cordeiro e com seu sangue marcar o portal de suas casas na noite da passagem do anjo. Assim são salvos os primogênitos dos judeus e finalmente o faraó deixa o povo ir em liberdade.
Desde essa época o povo relembra este acontecimento, celebrando Pessah com o sacrifício de um cordeiro sem mácula. É a festa da passagem da escravidão à liberdade.
Justamente durante a celebração destas festividades ocorrem a prisão, julgamento, condenação e morte de Jesus em Jerusalém, como nos contam os textos do Novo Testamento. Naquele ano Pessah caía numa sexta-feira (pois segundo nosso calendário, Pessah também é uma festa móvel). No domingo seguinte,passados os ritos festivos mais importantes, os discípulos voltam ao sepulcro e o encontram vazio...
Cristo ressuscitou !Ele passou da escravidão da morte para à vida, para a liberdade da nova vida.
Ainda é para todos nós hoje um grande mistério compreender tudo isto.
Celebramos a Semana Santa e Páscoa no fim do verão e início do outono no hemisfério sul (no hemisfério norte seria o início da primavera). No interior do Brasil, nas regiões do “Cerrado”, o clima nesta época do ano, é tal que as chuvas diminuem e os dias ficam cada vez mais curtos e frios. O crescimento das plantas se retai e a terra seca. Poderíamos interpretar isto como um processo de “morte” pelo qual a natureza passa todos os anos. Celebrar Páscoa nesta época pode então trazer-nos a reflexão: Quando lá fora parece que o vivo começa a ceder lugar ao morto, podemos buscar, dentro de nós, a força que é capaz de trazer novos impulsos para a vida. A intensa percepção do “morto” é um estímulo para buscar as forças que trazem a vida dentro de nós.
Assim estamos, outra vez, bem próximos de dar à Páscoa algo do seu sentido original, pois cada é vez mais importante, que aprendamos a não limitar-nos a tomar apenas o que a tradição nos dá, mas buscar uma relação nova com os conteúdos das festas cristãs. E ao mesmo tempo é também fundamental que o Homem moderno re-aprenda a olhar para a Natureza e para o mundo que o cerca e veja em tudo isto imagens (parábolas) que nos ajudam a encontrar uma realidade mais elevada.

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